segunda-feira, 21 de junho de 2010

O LEME DO BARCO


O LEME DO BARCO (Sergio de Carvalho)

Teria Deus nos criado com dois ouvidos e apenas uma boca, para que pudéssemos ouvir mais do que falar?
A língua é um pequeno órgão do corpo humano, que assim como o leme dum barco, tanto pode nos levar a águas mansas e boas de navegar ou inversamente a correntezas traiçoeiras, tempestades, ondas revoltas e até um drástico naufrágio.

Como é difícil dominar esse inquieto e falador pedacinho de carne dentro da nossa boca.
Que tentação irresistível é essa em querer criticar a tudo e a todos?
Que sabor misterioso é esse que tanto nos seduz em falar mal da vida alheia?

Em dietas alimentares a boca sofre severas vigilâncias quanto ao que nela entra... Mas será que também não deveríamos filtrar e restringir o que dela sai em função de nossa saúde espiritual?
A boca fala do que o coração esta cheio!
O que será que andamos apregoando por ai aos quatro cantos?
Nosso discurso tem sido compatível com nossa consciência?
É bem eloqüente a letra de certa musica quando diz: Se a gente falasse menos talvez compreendesse mais!
A maledicência e as ofensas tem sido um cancro a nos corroer cotidianamente e não percebemos o quanto de verdade existe naquele tradicional ditado popular relacionado aos humanos falantes: O peixe morre pela boca!

Em tempos de culto ao corpo, nas academias de ginástica, deveriam também existir exercícios específicos para nossa língua, para que não só pudéssemos aprimorar a saúde física como também a do nosso interior, treinando-a em não mais fofocar sobre a vida dos outros, não mais fazer do ouvido alheio um Penico para todo tipo de dejetos verbais, não mais incendiar o curso de nossa própria existência e dos irmãos de caminhada com todo tipo de falatório inútil e maledicente.


Talvez a doença mais simples de curar, mas ao mesmo tempo com as recomendações terapêuticas mais difíceis de seguir sejam as alusivas ao nosso aparelho fonador.

* Cultivar a sabedoria do silencio nos momentos adequados.
* Exercitar a salutar e benfazeja pratica do jejum de palavras maléficas.
* Refletir antes de falar!
* Não julgar para não ser julgado!

Pois, da mesma forma que de uma única fonte não brota água potável e água poluída, da fonte oral de onde jorram nossos pensamentos e sentimentos, deveriam também fluir somente aquilo que soma, que constrói, que ajuda, que edifique, que seja útil ao nosso próximo e a nós mesmos!


Quiçá chegue o dia em que deixaremos de usar de maneira tão imprudente esse nosso mais intimo e extraordinário veiculo de comunicação!

E que a discórdia e confusão da Babel gramatical onde a humanidade mergulhou seja finalmente vencida pela linguagem universal do AMOR.

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