quarta-feira, 23 de junho de 2010


A LENDA DA BOLACHA PRETA (Sergio de Carvalho ) * 23/06/2010
Era triste quando o disco predileto arranhava e ficava pulando!
Arranhou não tinha concerto. Mas havia um “truque” de se colocar uma “moedinha” no braço da vitrola para fazer peso e evitar a repetição ou o pulo no trecho arranhado da musica
Se a agulha do toca-discos não fosse de diamante (será que era de diamante mesmo?), não durava muito e também com o desgaste podia até danificar o vinil.
Geralmente alguns modelos de “Pick-Ups” possuíam uma engrenagem automática onde se colocava vários discos empilhados em cima do prato suspensos e presos numa haste metálica central, que ia soltando os discos um a um assim que o anterior terminava de tocar. Essa tecnologia atualmente pode soar como pré-histórica, mas na época era super funcional e moderníssima e permitia musica tocando durante algumas horas.
Maior corta barato era a necessidade de ficar trocando o lado A pelo B e vice-versa toda vez que uma das faces do disco chegava ao final.
A rotação dos toca-discos no Brasil era sempre de 33/7 para compactos e LPs, mas os compactos importados alem da diferença na rotação que era de 45 rpm possuíam também a particularidade do buraco central ser maior e necessitar de um adaptador para ser tocado.
Nas lojas de discos vendiam uma espécie de Kit para o vinil, contendo um frasco com um liquido de limpeza e uma almofadinha para passar nos discos....Obs: nunca soube do que se tratava aquele liquido e nem se resolvia mesmo!
Recomendava-se também em situações mais drásticas de sujeira na superfície do disco, tais como pó entranhado e marcas engorduradas de dedo , colocá-lo embaixo da torneira e com uma esponja de cozinha e sabão neutro esfregá-lo suavemente no sentido da rotação dos sulcos, para depois deixá-lo secar somente na sombra e nunca no sol, que invariavelmente empenava até discos na capa.
O indevido armazenamento dos LPs também causava vários problemas de empenamento e até poderiam quebrar quando eram empileirados um em cima do outro. O correto era colocá-los nas prateleiras lado a lado!
Comprei alguns discos pelo visual da capa...alias quem não fez isso ? Quando o conteúdo sonoro também correspondia à beleza do invólucro, era a glória total, pois som e imagem se completavam para o deleite dos fãs.
Rolava sempre uma curiosidade em ver a cara dos músicos seja nos encartes ou nas capas, pois naqueles tempos raramente tínhamos acesso a imagens dos integrantes das bandas.
A capa com os desenhos e as fotos sempre chamavam atenção, mas a ficha técnica do disco era solenemente ignorada. Para o ouvinte comum o grande lance era apenas “viajar” no som, numa festa, num clube, numa Boate, no quarto, com luz negra e incensos acesos, dançando ou parado, sozinho ou bem acompanhado dos amigos ou da namorada. Bastava colocar o disco pra tocar, aumentar o volume e curtir o som. Não importava qual estúdio o disco foi gravado, nem quantos canais foram usados, engenheiros de som, produtores, marca de instrumentos e nem mesmo as letras e os músicos integrantes da banda (geralmente tais informações interessavam apenas a jornalistas, críticos, músicos e aficionados ).
Dentro da capa, o vinil apresentava outro invólucro de proteção, que poderia ser de papel ou de um plástico bem fininho (que rasgava fácil).
A qualidade do som dos discos importados era muito melhor do que a sua edição nacional. Aqui no Brasil mutilava-se o disco. Excluia-se faixas e até álbuns inteiros nas edições nacionais. Muitos LPs duplos foram lançados simples e muitas capas também foram drasticamente modificadas.
Tudo isso hoje virou história! As ultimas fabricas de vinil agonizam e cada vez mais o uso e aquisição dos tradicionais discos são exclusividade de alguns poucos colecionadores e saudosistas que garimpam em sebos e nas facilidades da Net a sua bolacha preferida.

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