sábado, 18 de setembro de 2010

Jimi Hendrix, Rock & Contracultura


IN MEMORY Of JIMI HENDRIX
(Sergio de Carvalho) 18/09/2010

Confesso que mesmo tendo descoberto os encantos do roquenrol desde muito cedo e me tornado um apaixonado por este gênero musical , demorei um pouco a vislumbrar toda a genialidade da obra de Jimi Hendrix.
Logo no comecinho dos anos 70, meu irmão Carlos apareceu com 3 discos extremamente instigantes em nossa casa: Band Of Gypsys e Woodstock (triplo e duplo).
Naqueles tempos só se falava num tal guitarrista americano que “literalmente” incendiou sua própria guitarra durante um show e que chapava a cuca de milhões de pessoas ao redor do mundo com seu som poderoso, inovador e lisérgico.
Pois bem, ainda que suas inegáveis habilidades com a guitarra saltassem aos olhos e aos ouvidos, em muitos momentos após ouvir o conteúdo daqueles LPs com a performance do Hendrix, achava tudo aquilo muito barulhento, distorcido, louco e provavelmente vanguarda demais para minha cabeça de adolescente acostumado a ouvir os primeiros discos bem comportados e palatáveis dos Beatles.
Hendrix chegou no meu toca-discos de forma completamente avassaladora, a maioria das musicas são pura pauleira. Da sua guitarra (extensão eletrônica da sua cabeça) saiam tempestades de solos e timbres numa absurda massa sonora gerando um tremendo impacto nos meus ouvidos . Totalmente “crazy” bixoooooooo!!!!!!!!!
Era impossivel permanecer indiferente diante de toda aquela pressão sonora do power trio que em todas as suas formações seja com Mitch Mitchel ou Buddy Miles (nas baquetas) ou Noel Reding e Billy Cox (completando a cozinha no baixo) exploravam limites da tecnica e improvisação musical jamais ouvidos !
Junto com o som surgiam questionamentos existenciais e estranhos sentimentos que começavam a direcionar meus primeiros passos para uma compreensão mais ampla e profunda da função de Jimi Hendrix, do rock e da contracultura no mundo.
Toda aquela aparente loucura dos hippies captadas, traduzidas e sonorizadas pelas 6 cordas do Jimi, tinham um propósito alquímico que iria sacudir, abalar, quebrar e transformar muitos dos padrões “caretas” do sistema” com suas estruturas opressoras e egocêntricas tão bem representadas na época pela insanidade da guerra do Vietnã .
Antes de serem absorvidos pela sociedade e virarem mais um modisto passageiro, as roupas coloridas e os cabelos longos da rapaziada foram durante algum tempo autênticos distintivos ideologicos da tribo ou daquilo que se chamou “Nação Woodstock” . Juntamente com o visual, o som e o lema “Faça Amor Não Faça a Guerra” , a Beat Generation afrontava o velho mundo de peito e almas abertas.

Assim com a mente fervilhando, me via no meio daquele fogo cruzado entre o estilo alternativo que eu queria vivenciar inspirado por aquela trilha sonora poderosa e viajante e as propostas da sociedade dentro dos chamados padrões de normalidade simbolizados pelos encarcerados dentro de algum escritório.
Mais tarde acabei optando mesmo por seguir meu coração, fazendo o que eu gosto, tocar, pintar e morar junto a natureza.

Apesar de passados tantos anos e de importantes progressos da humanidade, até hoje aquelas mesmas mensagens de paz e amor de outrora continuam eloqüentes e importantes , pois infelizmente ainda encontramos ao nosso redor situações lamentáveis que continuam a penalizar a população e especialmente a violentar pessoas sensíveis, sonhadoras e idealistas que assim como nos anos 60/70 acreditam na fraternidade universal entre os povos e procuram celebrar a vida de um modo mais pacifico, espiritual e harmonioso de ser.

Em tempos sem internet, recebi com atrazo e tristeza a noticia sobre a morte de JImi Hendrix em 18 de Setembro de 1970 ao ler uma reportagem na extinta revista Manchete….naquele instante percebi com um certo vazio de que algo importante para a musica e para o mundo acabava de acontecer.

Seu corpo se foi, mas sua musica revolucionaria jamais sera esquecida!
A vitória da arte sobre as drogas!


Viva Jimi Hendrix. Viva o Poder da Alma, viva o Poder do Amor !

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